segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Até o ano que vem!

O trabalho do Anjos para Adoção com Maria Augusta de Toledo e do Clube dos Vira-Latas com Cida Lellis continuam, mas o Amigo não se Compra vai ficando por aqui. Este é só mais um de tantos blogs de adoção pela net - e esses não param de crescer assim como o problema do abandono de animais.

No início, eu era apenas uma ciberativista fazendo divulgação. Conseqüentemente, fui conhecendo na rede pessoas envolvidas com o trabalho de proteção animal. Enviavam centenas de mensagens de adoção de animais abandonados que eu não podiam continuar repassando a minha lista de contatos: eles não queriam adotar! Também não poderia pedir para que repassassem as mensagens: é preciso ter consciência antes de agir, caso contrário o trabalho perde o sentido.

A quantidade de mensagens diárias que chegam por dia buscando adotantes é enorme e proporcional a quantidade de animais abandonados e que é proporcional a quantidade de humanos sem consciência e racionalidade o suficiente para compreender a gravidade do abandono animal.

Ao abandonar um animal, o humano não está apenas se livrando de seu suposto 'problema' individual, como está criando uma seqüência de problemas ao coletivo. Quando você vê um animal abandonado nas ruas, não vê apenas um ser frágil que está exposto a todo tipo de perigos e violências, nem uma vida sem teto, sem comida e sem condições para viver. Este animal pode se transformar num possível foco de doenças!

Se não existisse o trabalho dos protetores de animal, as ruas já estariam superlotadas de animais e com certeza teríamos vários tipos de epidemias letais ao ser humano. Mas o abandono parece não ter fim! O ser humano considera simples deixar um animal abandonado a própria sorte e não é capaz de pensar nas conseqüências de seus atos.

Foi por isso que criei o blog! Um meio mais simples e abrangente de divulgar o trabalho dos protetores. Minha casa não tem suporte em espaço físico adequado para ser um abrigo e um abrigo exige muito dinheiro. Divulgar foi a melhor maneira que encontrei de ajudar. Já são quase 10 anos e o problema parece só aumentar, não tem fim!

E por muito tempo este blog foi ficando sem atualização... Porque me pareceu que o caminho para solucionar este problema não é este. Os abrigos continuam super lotados. As pessoas continuam abandonando os animais e os protetores continuam os recolhendo. Cães e gatos só estão mudando de lugar: saindo das ruas e indo para abrigos seguros onde são medicados, alimentados e esperam um lar. Estão escondidos dos olhos da sociedade que não vê problema nenhum neste ato, pois não vêem mais tantos animais nas ruas, mas os abrigos continuam lotados.

No meu bairro eu não posso assumir meu trabalho voluntário. Isso iria se reverter em dezenas de animais abandonados aqui. Só sairiam das ruas mas eu não teria condições de oferecer toda a assistência de que necessitam. Mesmo assim, cães e gatos são abandonados na minha rua ou são literalmente arremessados para dentro do meu quintal.

Vários cães foram deixados aqui na rua... Minhas vizinhas conscientes Valéria e Vanda também não tinham mais espaço para recolher mais animais do que já haviam recolhido. A solução foi cuidar dos animais na rua mesmo colocando casinhas, comida e água todo dia, dando banho e levando ao veterinário quando possível. A vizinhança vê isso e tem duas atitudes: ou reclama pois a rua fica cheia de cães que ninguém quer ou abandona mais animais pois tem quem cuide deles.

É na minha casa e na minha vizinha da frente, Rosana, que abandonam os gatos. Eles vêem tantos gatos em nossa casa e num pensamento mesquinho pensam: "-Elas gostam de gatos então vão cuidar destes!". Eles abandonam contando que alguém irá cuidar e assim a consciência deles fica limpa! Mas muitos gatos foram mortos por vizinhos que usaram Chumbinho. A lei contra o uso da substancia existe, mas á burocrática: quem usa, continua usando!

Arrumar adotantes para animais não é um trabalho tão simples assim. Quem adota ainda quer escolher, mas nós que recolhemos nunca escolhemos quem recebemos: animais idosos, deficientes, doentes, mesmo com o trabalho de adoção eles continuam rejeitados.

A solução é o trabalho de adoção? Se os governos ou os políticos que dizem trabalhar em prol dos animais estivessem interessados em resolver isso, não existiriam mais lojas que vendem animais. A castração gratuita seria mais freqüente e menos trabalhosa para quem tem vários animais para levar (muitas vezes sem carro) para os lugares que oferecem castração. A maior população de animais abandonados se encontra nos subúrbios onde as pessoas têm menos condições de dar a devida assistência. Certa vez, meus dois filhos tiveram que ir a pé para outro bairro, na chuva, levando oito gatos para castrar pois estávamos sem carro. Nos ônibus não é permitida a entrada de animais. Depois que todos foram castrados e registrados, foram mortos por um vizinho inconseqüente que não sabe o quanto foi gasto para que todos os animais estivessem vivos e saudáveis.

Qual deve ser a solução então? Educação! Existem seres humanos que insistem em viver feito bestas feras e que não entenderam ainda que animais não são como roupa ou sapato da moda que você quer ter, enjoa e joga fora porque ocupa espaço no guarda roupas.

A solução é resgatar? Num espaço que só servia para um cão de porte pequeno, acabei recolhendo um de porte grande. Nem eu e nem ele tivemos outra opção. Logo em seguida veio outra de porte grande, e ninguém queria. Fiquei então com os dois e eles vivem felizes aqui há 8 anos. Mas deixaram aqui um filhote que estava sendo coberto de ovos de moscas. Não tive outra opção: recolhi, dei banho e desinfetei dos ovos, alimentei, mediquei e ninguém queria adotá-lo. Fiquei com ele que é lindo, um tipo bem diferente do que já vi, e ele aqui é feliz. Uma vizinha querendo imitar as outras, viu um filhote sem rumo aqui na rua. Estava preste a ser atropelado pelas motos que passavam. Ela recolheu e veio deixar na minha casa com a promessa que em uma semana no máximo arrumaria um dono. Ninguém queria. E na casa dela ela não iria deixar, pois o marido não gosta e iria deixar seu belo quintal em desarmonia. Meu marido teve que tolerar a quantidade de cães e gatos em nosso quintal e a cachorra acabou ficando. No espaço para um cão de porte pequeno há dois de porte grande e dois de porte pequeno.

Isso sem falar nos gatos que não param de chegar e não há mais como recolhê-los. Muito dinheiro é gasto para que sobrevivam e quando crescem são mortos. Há sim recursos para impedir isso, mas eu não tenho estes recursos pois não me comprometi a ser protetora: eu não tive escolha.

E quem tem escolha vê um filhotinho, acha bonitinho e leva pra casa. Cansa porque dá trabalho e abandona. Num terreno vazio aqui na rua, onde o mato domina, cansamos de encontrar sacolinhas plásticas com filhotes de cães e gatos amarrados e presos, deixados para morrer sufocados. Eles também não têm escolha.

Qual a solução afinal? Os humanos mudarem suas atitudes e os políticos que dizem lutar pelos animais fazerem algo de fato. Numa área urbana não são os tamanduás, os macacos, as onças, as araras que precisam ser protegidas. Aqui na área urbana são cavalos, cães e gatos que continuam abandonados ao descaso sem que nenhuma lei os favoreça de fato.

O trabalho de adoção de animais não se limita a rede virtual! O trabalho que se tem em manter os animais e encontrar donos decentes para eles é incansável e três vezes maior que ter um animal que muitos quando se cansam de precisar oferecer tantos cuidados, simplesmente jogam nas ruas.

Para adotar é preciso saber o que se quer! Pessoas que não sabem o que quer para si abandonam! Pessoas sem personalidade e convicção abandonam!

Somente pessoas capacitadas e de coração nobre podem ser donos de animais. Incapazes e limitados abandonam!

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