Felicidade completa é um tipo de felicidade que você não consegue proporcionar a nenhum ser humano. Talvez uma criança pequena consiga sentir esta felicidade em toda sua plenitude, mas mesmo assim, por algumas horas. Deve ser por isto também que cada vez mais pessoas procuram ajudar animais abandonados. O ano de 2008 foi exemplar com relação ao resgate destes animais muito necessitados. Tivemos o caso do Max, da Catarina e da gatinha Mousse, entre outros. Max foi amarrado na frente de minha casa com uma corrente. Ele estava pele e osso e muito assustado. Como é um cachorro de porte gigante, mestiço de Mastife inglês, eu fiquei muito receosa quando me aproximei dele. No início, coloquei a ração a certa distância e ele comia desesperado e, por ter ficado muito tempo sem se alimentar, vomitava tudo. Comecei a levar um pouco de ração a cada hora e também água, pois ele também bebia como se estivesse sedento há muito tempo.
Foram necessários três dias para ele se estabilizar e acalmar. Depois disto, eu já conseguia me aproximar sem problema e ele começou a abanar o rabo quando me via. Max tornou-se um grande amigo e hoje, depois de quatro meses, ele é o cão mais feliz que temos no abrigo: ele corre e deita, pula e se deixa afagar. Quando chego lá, ele se transforma e eu só o vejo uma vez por dia. Como diz uma amiga, não vai ser fácil doá-lo, pois para a felicidade dele ser completa em um bom lar, eu tenho que estar no mesmo pacote! Catarina estava em uma estação rodoviária na cidade de Arujá. Nós dos Anjos para Adoção doamos uma cadela para uma chácara nesta cidade e ela, infelizmente fugiu. Nós voltamos duas vezes para Arujá para procurar a Rose. Um dos locais que visitamos foi a estação Rodoviária.
Lá vivem muitos cachorros, todos eles alimentados por taxistas e por pessoas que estão de passagem. Catarina estava lá, muito magra e barriguda: era como se ela estivesse no final da gestação e estivesse totalmente desnutrida. Não deu para deixá-la lá! Nós não encontramos a Rose, mas trouxemos a Catarina para São Paulo. Ao contrário do que imaginávamos, ela não estava prenha. Tinha um problema nos rins que fazia com que sua barriga inchasse muito. Depois de um longo tratamento, ela ficou ótima e muito agradecida, corre, brinca e até remoçou. No início achávamos que a Catarina tivesse certa idade, mas ela é nova e, a cada dia que passa mais ágil e carinhosa. Mousse é uma gatinha que vivia na casa de um senhor muito simples que cuida de um terreno perto da minha casa.
Eu me apaixonei por sua doçura e, durante alguns anos, cuidei dela indiretamente. Eu a levei para castrar e fornecia sua ração. Ia visitá-la com freqüência e ela sempre entrava no meu carro ao final de cada visita. Eu dizia ao senhor: Mousse quer ir embora comigo e ele respondia: Ela tem que ficar, pois caça todos os ratos daqui. Eu ia embora arrasada e, muitas vezes, pensei em roubá-la, mas não tive coragem. Dois anos se passaram e, quando fui levar a ração mensal da Mousse, qual não foi minha surpresa quando o senhor disse: - Se você quiser levar a gata, pode levar, pois ela deu para matar pintinhos agora. Nem preciso dizer que sai correndo... Não falei mais nada e nem me despedi... Catei Mousse e rapidamente entrei no carro e fugi de lá. Ela foi diretamente para meu gatil.
Pensei que iria se apavorar e ficar estressada, mas qual não foi minha surpresa ao ver a reação da Mousse: ela corria de um lado para o outro e, quando algum gato mais invocado se aproximava, ela virava de barriga para cima e dava um pulo e voltava a correr. Os gatinhos pensaram: Quem é esta louca tão feliz que caiu de pára-quedas aqui? Mousse está a cada dia mais adaptada e fazendo amizade com todos os gatinhos. Ela precisou matar alguns pintinhos para conseguir vir embora comigo.
Esta felicidade completa só acontece com cães e gatos adultos. Os filhotes, depois de alguns dias, começam a achar que têm direito a todas as mordomias. Para eles, principalmente para os gatos, parece natural tudo o que você fizer por eles. Já os adultos não esquecem e sabem que tudo o que conquistaram foi depois de muito sofrimento e privações e eles valorizam ao máximo sua sorte e a oportunidade que a vida lhes deu.
E é um privilégio poder proporcionar esta felicidade completa a seres tão necessitados.
Maria Augusta Toledo
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