Quando fiquei sabendo deste caso, fiquei muito chocada.
Como pode alguém ser capaz de tanta crueldade e covardia e não possuir nenhuma dose de compaixão? Como pode achar que uma vida humana não tem valor algum e que pode agir sem receio de ser punido? Estamos num país sem Leis?
Sr. José Batista da Costa morou por mais de oito anos em um barraco no condomínio Fazendinha, na Granja Viana. Ele tomava conta de um terreno para seu proprietário em troca da moradia e durante todo este tempo fez bicos e foi sobrevivendo.
Como companhia tinha apenas seus cachorros e dividia com eles o alimento que conseguia diariamente.
O proprietário vendeu o terreno para uma construtora e, depois de algum tempo, decidiram que S. Zé tinha que partir.
Como as conversas não estavam resolvendo, numa noite eles o ameaçaram, botaram fogo no barraco e o levaram para fora do condomínio à força, deixando ordens expressas para a segurança de que ele não poderia mais entrar.
Esta construtora é a CONSURB e é responsável pelo Condomínio Golf Village que fica dentro da Fazendinha.
S. Zé sentou-se embaixo de uma árvore na entrada do condomínio e, desesperado afirmava que não sairia dali enquanto não resgatasse seus cinco cachorros que ficaram amarrados a uma árvore no terreno.
Seu desespero foi tamanho que um dos seguranças penalizado decidiu pedir ajuda para uma moradora local. Eles também dividiram suas marmitas com S. Zé, além de lhe trazer roupas e cobertores.
Foi então que a Flora entrou nesta história. Ela colocou S. Zé em seu carro e entrou com ele, à revelia de todos, para pegar os cachorros.
Quatro permaneciam presos na árvore, um havia sumido e todos estavam desidratados e um deles, o menor e mais fraco, estava quase morto, depois de três dias sem água e comida e expostos ao sol e ao frio da noite.
Eles foram para uma clínica onde foram medicados e o menor permanece internado e lutando por sua vida.
Iracema, moradora da Fazendinha que também foi chamada para ajudar, conseguiu que S. Zé ficasse provisoriamente em um local que estava para alugar e que tinha uma área coberta, protegida do frio. Ele se instalou com seus cachorros e passava o dia sentado, olhando para a rua e contando sua história.
Ele veio da cidade de Itapicuru, fronteira da Bahia com Sergipe, há mais de 30 anos para trabalhar como pedreiro em São Paulo e depois chegou na Granja também como ajudante de obras.
Por aqui foi ficando e durante pelo menos oito anos viveu neste terreno até que foi simplesmente descartado, como um objeto inútil.
A solidão e a amargura pela forma brutal como foi tratado fizeram que com S. Zé perdesse parte de sua lucidez, ele embaralha suas recordações e também não tem mais nenhum documento.
Logo nos primeiros dias, Iracema fez contato com a Rádio Clube de Itapicuru e conseguiu passar os dados de S. Zé e pediu que procurassem sua certidão de nascimento no Cartório e tentassem localizar possíveis parentes.
Em seguida, teve ajuda também do presidente da Câmara local e ficou sabendo que ele tinha irmãos e primos que ainda residem na cidade. Os parentes achavam que S. Zé, depois de todos estes anos sem dar notícia, tinha morrido.
Foi então que Iracema conseguiu contato com uma sobrinha do S. Zé que reside em São Paulo e que informou que a mãe dela, uma das irmãs dele estava aqui, fazendo tratamento de saúde.
Hoje, dia 06/10/2007, uma semana após os acontecimentos narrados, Iracema pagou um táxi do Grajaú até a Granja Viana e a irmã de S. Zé veio buscá-lo e, quando ela retornar à Bahia, ele irá com ela.
Ele foi embora daqui muito relutante, pois não queria abandonar seus cachorros e também mencionava que deveria, depois de todos estes anos, receber algum auxílio do dono do terreno que ele guardou e cuidou.
S. Zé está envergonhado de voltar para casa levando apenas uma mala doada com todos seus pertences pessoais, a única riqueza que ele acumulou nestes 30 anos de São Paulo.
Por isto, peço a quem estiver lendo esta mensagem que a divulgue o máximo possível, pois precisamos também da ajuda de um advogado que possa representar S. Zé e conseguir fazer valer seus direitos.
Os cães estão em uma clínica da Granja Viana e aguardam adoção.
Vejam as fotos deles e, por favor, nos ajudem a divulgá-los. São três machos e uma fêmea, todos de porte pequeno e eles serão entregues castrados e vacinados.
Iracema prometeu a S. José que iríamos cuidar deles e os encaminhar para bons lares onde eles serão amados e valorizados.
Contamos com todos vocês para continuar ajudando S. Zé e seus cachorros e para que esta história real tenha um final feliz.
Maria Augusta Toledo
Para conhecer nosso trabalho clique:
http://anjosparaadocao.multiply.com/

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